Autárquicas 2025: definhamento, regressos, mudanças e passos maior que as pernas.

A “cintura vermelha” da margem sul é, a cada acto eleitoral autárquico, uma memória política. As décimas quartas eleições autárquicas da Democracia, ditaram um novo e significativo revés para a CDU (Coligação Democrática Unitária) formada pelo Partido Comunista Português (PCP) e o Partido Ecologista “ Os Verdes” (PEV).

Embora concorrendo a sós ou em coligação, o PCP chegou a dominar todos os 13 (treze) concelhos do distrito de Setúbal. Um pretérito alongado uma vez que, de facto, isso já não acontece, há muito, e no presente, cada vez menos.

Assim sendo e numa primeira análise à noite do passado domingo, 12 de Outubro, a CDU perdeu as Câmaras Municipais de Alcácer do Sal, Santiago do Cacém, Grândola e sobretudo, por ser a capital do distrito, Setúbal.

O caso de Setúbal é particularmente significativo por, como já referimos, ser a capital do distrito; a CDU ter passado a ser a quarta força política no concelho atrás do Movimento Setúbal de Volta, do PS e do Chega; ter liderado a cidade sadina durante mais de vinte anos, desde as autárquicas de 2001 e por ter sido derrotada pela ex-comunista Maria das Dores Meira que contou com o apoio declarado e discreto do PSD/CDS-PP, que assim alcançam uma vitória histórica. A CDU passa da maioria relativa com cinco eleitos no mandato cessante para um vereador apenas.

Setúbal junta-se à lista dos concelhos que serão liderados nos próximos quatro anos por movimentos independentes e que é constituída também por Montijo e Santiago do Cacém.

A vitória em Sines é o que de mais positivo a CDU retirou deste acto eleitoral, agora a única edilidade na faixa litoral alentejana, além de ter mantido Palmela, Seixal e Sesimbra.

PS: em perda ma non troppo

Quanto ao Partido Socialista que detinha maior número de Câmaras no país, também sofreu perdas no distrito de Setúbal. Nas eleições de 2021, o PS vencera seis Câmaras Municipais, Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo e Sines.

O dia 12 trouxe as perdas no Montijo, aqui um ex- membro e autarca socialista, Fernando Caria, retirou a edilidade com o Movimento com Visão e Coração, ao seu agora ex-partido e em Sines, o autarca comunista Álvaro Beijinha, que deixara Santiago do Cacém, após ter atingido o limite dos três mandatos, ganhou , a câmara de sineense, onde conseguiu destronar a maioria socialista.

As contas finais, no que dizem respeito ao PS, indicam que o partido, perdeu duas edilidades, mantém seis, Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Alcácer do Sal e Grândola, tendo ficado muito perto da vitória em Setúbal, já que perdeu 1.338 votos, mas, para a Assembleia Municipal, a vantagem foi ainda mais curta, dado que obteve apenas mais 43 votos do que o PS.

Os partidos que suportam o Governo de Luís Montenegro, PSD e CDS-PP, alcançaram o feito histórico de conquistarem Setúbal por terem apoiado a ex-comunista e edil setubalense Maria das Dores Meira, que como já referimos, venceu a câmara e remeteu a CDU para a quarta posição.

Chega ou o “impensável” verificável

O Chega que protagonizou em Maio a notícia da noite nas Legislativas, ao ter alcançado o segundo lugar, remetendo o PS para terceiro, ficou muito aquém, no passado domingo, de um resultado semelhante em termos autárquicos.

Os votos recolhidos pelos candidatos da extrema-direita não coincidiram, de todo, com as palavras e objectivos declarados pelo seu líder, André Ventura, que afirmou querer terminar com o bipartidarismo no plano autárquico. 

As três câmaras conquistadas e o aumento significativo do número de mandatos por todo o país não permitiram ao Chega cantar vitória e repetir a noite de Maio.

A noite autárquica revelou que o Chega não é mais forte que a CDU nem que o CDS que obtiveram mais câmaras no país. A CDU conseguiu 12 e o CDS-PP que conquistou sete.

André Ventura afirmara que este cenário seria “impensável”. Ainda assim, André Ventura, viu o seu partido tornar-se a segunda força política em cinco concelhos do distrito de Setúbal: Montijo, Palmela, Moita, Seixal e Sesimbra.

O partido de André Ventura conseguiu eleger 134 vereadores e três presidentes de câmara, no Entroncamento (distrito de Santarém), Albufeira (Faro) e São Vicente (Madeira).

No total, o Chega conseguiu mais de 654 mil votos, correspondendo a 11,86% dos votos, segundo dos dados provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, subindo a terceira força política, atrás do PSD e PS.

Contados, pesados e medidos

O balanco final, embora ainda não oficial, destas eleições autárquicas determinou que no distrito de Setúbal, o PS detém seis edilidades, a CDU quatro e três movimentos independentes três.

Verificou-se uma taxa de abstenção de 47,48% ou ao invés uma participação de 52,52%, um valor significativamente mais baixo que nas anteriores autárquicas, de 2021, em que o valor abstencionista ficou nos 54,37%, ou uma participação de 45,63%.

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