Almada, celebrou um momento significativo na sua história ao inaugurar o monumento intitulado “Guerreiro”. Esta escultura, criada pelo renomado artista João Cutileiro, foi erguida na Praça Lopes Graça, no Laranjeiro, como uma homenagem aos valentes almadenses que lutaram na guerra colonial, bem como àqueles que perderam as suas vidas durante esse conflito.
A Guerra Colonial Portuguesa
A guerra colonial portuguesa, que ocorreu entre 1961 e 1974, foi um período de intensos conflitos que envolveu as colónias portuguesas em África, incluindo Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Este conflito foi marcado por uma luta pela independência das colónias, que buscavam libertar-se do domínio colonial português.
Almada, como muitas outras cidades de Portugal, viu muitos dos seus cidadãos serem chamados para servir nas forças armadas durante este período tumultuoso. A cidade não perdeu apenas jovens valiosos, mas também enfrentou as consequências sociais e psicológicas que a guerra trouxe para os que retornaram.
A Escultura “Guerreiro”
O monumento “Guerreiro” é uma escultura imponente feita de granito do Zimbabué, que simboliza a coragem e a resiliência dos combatentes. A obra é uma ampliação de uma peça original criada nos anos 90 e foi cuidadosamente supervisionada por Margarida Lagarto, viúva do escultor João Cutileiro.
A escultura não é apenas uma representação artística, mas também um poderoso símbolo de memória coletiva. Serve para lembrar os que perderam a vida, mas também todos aqueles que enfrentaram os horrores da guerra, muitas vezes sem escolha.
Cerimónia de Inauguração
A cerimónia de inauguração, realizada a 19 de janeiro de 2025, foi marcada por um forte sentimento de reverência e gratidão. Com a presença de várias autoridades, incluindo Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada, e Amadeu Neves da Silva, presidente da comissão executiva para a construção do memorial, o evento destacou a importância do monumento no contexto das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Durante a cerimónia, Inês de Medeiros enfatizou que “Guerreiro” representa um compromisso contínuo com os valores de liberdade, justiça e paz. Expressou a esperança de que este monumento inspire as gerações futuras a valorizar a liberdade conquistada com tanto esforço. Amadeu Neves, por sua vez, agradeceu a todos os que lutaram na guerra colonial, destacando a importância de reconhecer e honrar a sua contribuição.
Nomes dos Combatentes Homenageados
O monumento “Guerreiro” também serve como um memorial para os 20 almadenses que perderam a vida durante a guerra colonial. Aqui estão os seus nomes:
Nome | Localidade | Data de Falecimento |
Adelino de Sousa Santos | Trafaria | 24/07/1969 |
António Guilherme Graça Silva | Laranjeiro | 12/10/1974 |
António Lourenço Mendes Pereira | Fonte Santa | 22/06/1969 |
António Luís Nunes Franco | Trafaria | 25/07/1966 |
Carlos Alberto Silva Dionísio | Charneca de Caparica | 19/03/1973 |
Carlos José dos Santos Figueiredo | Cova da Piedade | 04/12/1973 |
Carlos Manuel Santos Martins | Cova da Piedade | 22/07/1966 |
Francisco José Pereira Nunes de Castro | – | 25/01/1973 |
Henrique Manuel da Conceição Joaquim | Trafaria | 31/07/1974 |
Higino Fernando Carranço Arrozeiro | Almada | 16/05/1966 |
João Augusto da Conceição Coelho | Charneca de Caparica | 16/08/1974 |
Joaquim Fernando Marques Baptista | Monte da Caparica | 15/02/1972 |
Jorge da Graça Fernandes | Cova da Piedade | 09/10/1974 |
José Pedro Tavares das Neves Caetano | Monte da Caparica | 11/01/1974 |
Júlio Fernando Sobrinha Pereira | Cova da Piedade | 30/05/1974 |
Marçal Madeira de Moura | Vila Nova da Caparica | 03/07/1965 |
Mário Soares Luís | Almada | 07/01/1967 |
Rodolfo Geraldes Henriques | Almada | 03/03/1969 |
Victor Manuel Martins de Almeida | Trafaria | 06/02/1974 |
Victor Manuel Pais | Cova da Piedade | 18/10/1972 |
A inauguração do monumento “Guerreiro” em Almada representa um marco importante na preservação da memória dos combatentes da guerra colonial. Com um significado profundo e presença imponente, a escultura homenageia os que lutaram, mas também serve como um lembrete constante da importância da liberdade e da justiça. À medida que a comunidade se reúne em torno deste monumento, a história e a memória coletiva de Almada continuam a viver, inspirando um futuro mais consciente e respeitoso.