Luz sobre a escravidão no Vale do Sado

É de renovação e visibilidade de que falamos. Renovação do conhecimento sobre a escravatura em Portugal, do papel e importância do escravo africano na economia e costumes locais e do tratamento que lhe coube pela historiografia nacional ao longo do tempo.


Visibilidade, uma vez que durante muito tempo, o tema da escravatura foi tabu em Portugal, tendo por isso sido escondidos os impactos sociais, económicos e de costumes que as populações escravizadas trouxeram de África.
As novas luzes sobre o passado, são reveladas pelo projecto arqueológico internacional liderado pelo arqueólogo Rui Gomes Teixeira, a Universidade de Durham e o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa.

Os trabalhos iniciaram-se em Julho, decorrem no Monte do Vale de Lachique, junto a São Romão do Sado, a sudeste de Alcácer do Sal e estão integrados no projecto, de maior dimensão, intitulado “Ecologias da Liberdade: Materialidades da Escravidão e Pós-Emancipação no Mundo Atlântico”.
Este último tem como objectivo “entender os diversos impactos do colonialismo e da escravatura no meio ambiente e tentar saber de que forma as pessoas deram evidência a uma ideia de liberdade com base nos constrangimentos sociais que foram impostos pela escravatura.”
Os contributos desta população, deslocada à força, nos territórios aonde chegaram, a introdução de culturas agrícolas novas, o impacto que o trabalho escravo teve no contexto do trabalho agrícola na região.

Se a escravatura tem um destino geográfico, terá também um ponto de origem. E no caso dos “Negros do Sado” esse ponto de origem poderá ter sido Cacheu, no norte da Guiné-Bissau, junto ao rio com o mesmo nome e próximo da fronteira com o Senegal.
Segundo Rui Gomes Teixeira, este porto guineense foi um dos mais activos portos de embarque de escravos africanos, muitos dos quais com destino a Portugal.

Os resultados futuros desta investigação poderão, não só, revelar quais os impactos da presença da população escrava no Vale do Sado, como também contribuir para um mais profundo e intercruzado conhecimento, sobre a escravatura em Portugal entre os séculos XV e XIX.

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