A Companhia de Teatro de Almada (CTA) apresenta uma adaptação do renomado romance “Uma Barragem Contra o Pacífico”, escrito por Marguerite Duras. Este espetáculo, que estreia no dia 14 de março e se estende até 6 de abril de 2025, no Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB), promete trazer à luz questões profundas sobre o colonialismo e a identidade nacional. A peça, sob a direção de Álvaro Correia, não apenas reconta a história da autora, mas também provoca reflexões sobre a condição humana em contextos de opressão e desilusão.
A História por Trás da Peça
A narrativa passa-se na Indochina francesa durante a primeira metade do século XX, um período marcado pela exploração colonial e pela luta pela sobrevivência. A protagonista, uma viúva que vive com os seus filhos num bungalow à beira-mar, enfrenta desafios diários impostos pela natureza e pela administração colonial corrupta. A história revela a luta individual, mas também a luta coletiva de muitos colonos que, como a protagonista, se vêem presos num sistema que os marginaliza.
A peça explora o impacto do colonialismo na identidade nacional e individual. A protagonista, ao tentar estabelecer uma vida digna numa terra que não a acolhe, reflete a desilusão de muitos que buscaram oportunidades em terras distantes, apenas para se depararem com a exploração e a corrupção.
A deterioração da saúde mental da mãe é um tema recorrente, que simboliza a pressão insuportável que o colonialismo exerce sobre os indivíduos. A sua luta para manter a sanidade no meio do caos é uma metáfora poderosa para a luta de muitos que enfrentam sistemas opressivos.
Equipa Criativa
A adaptação de “Uma Barragem Contra o Pacífico” é realizada por uma equipa talentosa, incluindo:
- Direção: Álvaro Correia
- Adaptação: Geneviève Serreau
- Cenografia e Figurinos: Sérgio Loureiro
- Música: Sofia Vitória
- Iluminação: Guilherme Frazão
O elenco conta com nomes de destaque, como Teresa Gafeira, João Jesus, e David Pereira Bastos, que oferecem profundidade e complexidade aos personagens, permitindo que o público se conecte emocionalmente com as suas histórias.
Experiência do Público
A estreia da peça coincide com o lançamento do Clube de Leitura de Teatro, uma iniciativa da Rede de Bibliotecas Municipais de Almada. Este clube visa promover a leitura e a discussão de peças teatrais, incentivando o envolvimento da comunidade com a arte e a cultura.
As “Conversas com o Público”, que ocorrerão aos sábados no foyer do TMJB, proporcionarão um espaço para discussões sobre os temas da peça. Moderadas pela jornalista Joana Gorjão Henriques, estas conversas permitirão um diálogo aberto sobre colonialismo, identidade e as experiências dos colonos.
Os bilhetes para a peça estão disponíveis por 13 euros e podem ser adquiridos online ou na bilheteira do TMJB. Há também descontos para jovens, seniores e grupos.
“Uma Barragem Contra o Pacífico” é mais do que uma adaptação teatral, é uma oportunidade de reflexão sobre o passado e as suas implicações no presente. A Companhia de Teatro de Almada, ao trazer esta narrativa à tona, convida o público a explorar as complexidades do colonialismo e a reconhecer as vozes que moldam a nossa história. O envolvimento da comunidade, através de iniciativas como o Clube de Leitura de Teatro e as “Conversas com o Público”, reforça a importância do diálogo sobre temas que ainda ressoam na sociedade contemporânea.