A cidade do Barreiro tem-se transformado num verdadeiro palco cultural, onde a arte se entrelaça com a vida quotidiana. No dia 14 de setembro, o Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC) torna-se um espaço vibrante de encontro e criatividade, recebendo a ZUT! – Associação Cultural, que apresenta dois projetos inovadores nascidos e desenvolvidos na própria cidade. Estas iniciativas exploram a relação entre corpo, movimento e a narrativa comunitária, utilizando a dança e o cinema como meios de expressão.
Girls Just Want To Have Sun
Um dos destaques da programação é o espetáculo “Girls Just Want To Have Sun”, idealizado e dirigido por Inês Jacques. Este projeto reúne um grupo de dançarinas seniores que transformam as suas memórias e desejos em movimento. Cada gesto é uma representação de anos de vivências e experiências, desafiando as convenções tradicionais da dança.
- Protagonistas: Alice Pinto, Amina Marrozuk, Dina Esteves, Emília Diogo, Inês Maduro, Lina Nazaré e Maria da Silva.
- Duração: 45 minutos de dança contemporânea que se destaca pela precisão dos detalhes: pausas, transições e olhares que criam uma narrativa viva.
A performance entretém, mas também provoca reflexões sobre a passagem do tempo e a importância da memória na construção da identidade.
A Interseção entre Dança e Cinema
Além da dança, o AMAC também vai ser palco para a exibição de curtas-metragens do projeto “Fazer Cinema para Todos”. Este projeto, que se estende por 2024 e 2025, combina formação cinematográfica com produção comunitária, resultando em dois filmes que capturam a essência do Barreiro.
- Bonsai, Ainda Te Oiço: Dirigido por Carlos Nascimento, o filme segue um jovem pintor na sua viagem pela cidade, guiado pela voz da sua amada. A narrativa revela as tensões emocionais e a intimidade do quotidiano, transformando cada esquina num espaço de decisão e presença.
- DOTE: Criado por Maria Pinto e Inês Paixão, esta curta-metragem apresenta cinco personagens que preservam memórias numa casa que se abre e se fecha, simbolizando a fragilidade das relações humanas e a complexidade das histórias entrelaçadas.
Entrada Gratuita e Inclusão
A entrada gratuita no AMAC é uma estratégia deliberada para incentivar a participação da comunidade. O auditório transforma-se num espaço de observação, reflexão e interação, onde gestos e imagens reconfiguram percepções e estabelecem novas relações.
As intervenções artísticas apresentadas no AMAC funcionam como dispositivos de memória e análise. Elas refletem a singularidade de cada artista, mas também a coletividade da experiência humana. O Barreiro, como cenário, emerge como um território de vivência e laboratório de narrativas.
A iniciativa da ZUT! e os projetos apresentados no AMAC são apenas o começo de uma jornada cultural que promete enriquecer a vida da comunidade barreirense. A dança e o cinema, como formas de arte, têm o poder de transformar percepções e criar conexões profundas entre as pessoas.
A arte não apenas coexiste com a vida, mas molda a cidade e revela as histórias que a habitam. O Barreiro, através da suas iniciativas culturais, reafirma-se como um espaço vibrante e dinâmico, onde cada gesto e cada imagem contam uma parte da rica tapeçaria da experiência humana.