Luísa Todi – a setubalense que encantou toda a Europa… menos Portugal

Luísa Todi – a setubalense que encantou toda a Europa… menos Portugal

Se perguntarmos nas ruas de Setúbal por Luísa Todi, temos duas respostas possíveis, ou um auditório ou uma bela avenida de bares e restaurantes, mas, espantem-se, Luísa Todi não nasceu uma avenida ou um auditório… nem sequer nasceu Todi. Eis a história da mulher de Setúbal, famosa em toda a Europa, que recebia jóias da Imperatriz russa, tinha um quarto no palácio do Rei da Prússia e acabou por morrer na miséria. 

Luísa Rosa de Aguiar nasceu a 9 de Janeiro de 1753, na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada, em Setúbal. Filha de um instrumentista e professor de música, a pequena Luísa sempre teve uma grande afinidade com a música. Estreou-se no teatro musical, com 14 anos, na companhia da irmã Cecília, onde o seu talento captou a atenção do maestro italiano Francesco Saverio Todi… pelo apelido, percebemos também que não foi só o talento, que lhe chamou a atenção… calhou bem que estava viúvo (a todos, menos à falecida)! Juntos tiveram seis filhos. 

Com o novo marido aprende canto e tem acesso aos melhores professores de voz, que a transformam de uma rapariga talentosa, numa estrela em ascensão. Em 1771 estreou-se na corte portuguesa para D. Maria I e nunca mais parou. Antes do final da década, tinha já atuado nas principais capitais e cortes europeias, foi prima-dona em Turim e ouvida pelo próprio Beethoven. 

Os monarcas europeus digladiavam-se para a ter, tendo passado 4 anos na Rússia com toda a família, como convidada da Imperatriz Catarina, que a presenteou com jóias de valor incalculável e dois anos em Berlim, no Palácio Real do Rei da Prússia, onde tinha aposentos, cozinheiros pessoais e um salário à jogador de futebol. E não era à toa… era considerada na altura uma das melhores vozes da história.

Depois de 30 anos a encantar a Europa, regressa ao único país que não lhe reconhecia o valor, o seu, onde não lhe é permitido atuar em público por ser mulher. Instala-se no Porto, onde o marido acaba por falecer, dois anos depois. Em 1806, numa fuga atabalhoada do Porto perante as invasões francesas, vê as suas joias caírem ao Douro e é capturada pelos franceses. O Marechal Soult, comandante das tropas napoleónicas, reconhece-a e toma-a sob sua proteção. 

Tendo perdido tudo, muda-se para Lisboa em 1811, onde terá vivido até à sua morte, em 1833, cega e com dificuldades económicas. É enterrada no Chiado, num cemitério que já não existe e por onde passa a Rua do Alecrim. Homenagens? Só na sua cidade, em Setúbal, que deu o seu nome ao Auditório Municipal e a uma das principais artérias da cidade. No resto do país, continua a ser tratada em morte com a indiferença que foi tratada em vida, só se lembrando do nome de uma das suas maiores artistas de sempre, quando passa no bairro azul bebé do Monopólio.  

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