A memória industrial do Barreiro sobe ao palco no próximo dia 14 de novembro com “A Fábrica”, a nova produção da ArteViva – Companhia de Teatro do Barreiro. O espetáculo é uma homenagem à história e às pessoas que fizeram do complexo industrial da CUF o motor económico e social da cidade durante décadas.
Mais do que uma simples peça de teatro, “A Fábrica” é uma viagem sonora, visual e emocional que mergulha no coração de uma comunidade moldada pelo aço, pelo fumo e, acima de tudo, pelas pessoas que lhe deram vida.
A força das histórias que fizeram a cidade
Com autoria e encenação de Paula Magalhães, o espetáculo vai muito além da evocação nostálgica do passado. “A Fábrica” dá voz às vidas anónimas que construíram o Barreiro moderno, transformando memórias pessoais em património coletivo.
Para isso, a equipa da ArteViva recolheu testemunhos reais de antigos trabalhadores e moradores da cidade — entre eles Agostinho Lourenço, Álvaro Gil, Ana Maria Costa, Bela da Conceição Pinto, Maria Carmo Oliveira, Helena Sardinha Pereira, Joaquim da Palma Cadeireiro, João Henrique Oliveira, Jorge Cardoso, José Grave, Manuela Ramos Félix e Orlando Santos. Estes depoimentos tornam-se a espinha dorsal da narrativa, assegurando que as memórias não se perdem e permanecem vivas através do teatro.
Um trabalho de arqueologia da memória
O processo criativo contou com a colaboração de instituições que preservam o legado industrial e humano da região, como o Arquivo CUF-Alfredo da Silva (gerido pela Fundação Amélia de Mello), o Espaço Memória da Câmara Municipal do Barreiro e o Museu Industrial do Arco Ribeirinho Sul.
A dramaturgia de “A Fábrica” inspira-se também na obra “A Fábrica e a Família”, da socióloga Ana Nunes Almeida, que nos anos 90 estudou o tecido social único formado em torno da CUF. O resultado é uma peça que evita a nostalgia e, em vez disso, destaca os laços ainda vivos entre o presente da comunidade e o seu passado industrial.
Teatro que é documento, emoção e reflexão
No palco, as memórias ganham vida com as interpretações de Adriana Lopes, Carla Carreiro Mendes, João Parreira, Sara Santinho e Vítor Nuno. A cenografia é de João Pimenta, os figurinos de Ana Pimpista, a música original de Miguel Félix e as canções de Ana Lúcia Santos, que reforçam a atmosfera imersiva do espetáculo.
O público é transportado para o universo sensorial da fábrica e dos bairros operários, num ambiente onde o som das máquinas, o ritmo do trabalho e o pulsar humano se entrelaçam em perfeita harmonia.
Esta é já a 99.ª produção da ArteViva, confirmando o papel da companhia como uma das mais ativas e consistentes da Margem Sul. Mais do que criar espetáculos, a ArteViva tem sabido preservar e reinterpretar a memória coletiva do Barreiro, dando-lhe novas formas de expressão e significado.
Datas, bilhetes e informações
“A Fábrica” estreia-se no Teatro Municipal do Barreiro no dia 14 de novembro, às 21h30, com sessões às sextas e sábados à mesma hora.
Os bilhetes podem ser adquiridos através da Bilheteira Online, por telefone (910 093 886) ou por email (geral@arteviva.pt).
Depois do sucesso de “Lugar Comum”, apresentado em outubro, esta nova produção marca o regresso da companhia aos grandes temas da identidade local — e promete emocionar tanto quem viveu a era da CUF como quem apenas a conhece pelas histórias que continuam a ecoar no Barreiro.
A fábrica continua viva no palco
Mais do que recordar, “A Fábrica” desafia o público a pensar sobre o presente. Num tempo em que as cidades se reinventam, a peça lembra que a memória é também uma forma de futuro.
Através do teatro, a ArteViva faz o que sempre fez melhor: transformar a história em emoção, e o Barreiro em palco.
