De 31 de outubro a 30 de novembro, Almada volta a afirmar-se como uma verdadeira “Cidade do Teatro”. A Mostra de Teatro de Almada regressa para celebrar a sua 29.ª edição, com 22 criações teatrais apresentadas por 20 grupos com atividade regular no concelho. São produções que cruzam gerações, estilos e linguagens, transformando o território num imenso palco de cultura e criatividade.
Organizado pela Câmara Municipal de Almada, em parceria com as companhias locais, o evento reforça a importância da criação artística comunitária, dando visibilidade ao talento que existe nas coletividades, associações e espaços culturais do concelho. Durante um mês, o público é convidado a mergulhar em universos que vão de Anton Tchékhov a Henrik Ibsen, passando por Gisela Cañamero, Franz Kafka e criações originais que exploram temas contemporâneos como a identidade, o envelhecimento, o amor e a memória coletiva.
Um programa que percorre Almada de ponta a ponta
A edição de 2025 abre a 31 de outubro, no Auditório Fernando Lopes-Graça, com “Próxima Pele”, uma criação coletiva do grupo Actos Urbanos, que aborda o envelhecimento e a transformação do corpo e da vida. Seguem-se adaptações de clássicos e estreias absolutas que prometem surpreender.
Entre os destaques estão “A Metamorfose”, da Aletria Biblioteca Itinerante, que leva Kafka às ruas; “O Grande Despertar – Visões de Tirésias”, da Artes e Engenhos, com encenação de Alexandre Pieroni Calado; “E Então, Anton?”, do grupo Teatro & Teatro, inspirado nas farsas curtas de Tchékhov; e “Raiva”, de Gisela Cañamero, apresentada pela companhia Produções Acidentais.
Outros momentos imperdíveis incluem “Amor e Formigas”, dos Dois.Artistas.Clandestinos, que revisita histórias de resistência e clandestinidade; “Nem a Morte nos Separa”, da Formação M20/ACOME; e “A Gente Quer é Revista”, das Plateias d’Arte, que celebra a comédia musical à portuguesa. Também há espaço para o teatro infantil e familiar, com “Sense – A Floresta Encantada”, da Academia Show It, e para o teatro comunitário, com “A Árvore Sabiá”, da Embal’Arte, que junta em palco crianças e seniores num espetáculo intergeracional.
A diversidade é a palavra-chave: há tragédias revisitadas, sátiras modernas, teatro físico, performances e projetos colaborativos que acontecem em espaços emblemáticos como o Teatro-Estúdio António Assunção, a Incrível Almadense, o Solar dos Zagallos, o Casino da Trafaria, o Salão das Carochas ou a Casa Municipal da Juventude.
Oficinas, livros e experiências imersivas
Além da programação principal, a Mostra inclui um conjunto de atividades complementares que convidam o público a viver o teatro de forma participativa.
Entre elas destacam-se:
- “Lutas Cénicas”, oficina de combate teatral orientada por Pedro Ferreira, que ensina técnicas de movimento e segurança em palco;
- “Voz e Corpo”, dirigida pela ACOME, que explora o uso expressivo do corpo e da voz como ferramentas artísticas;
- Sessões de Jogos Narrativos, com o grupo teatroàfaca, que fundem teatro e “roleplay” em experiências interativas inspiradas em “Dungeons & Dragons”;
- “Jograis de Textos Improváveis”, uma apresentação da Universidade Sénior D. Sancho I, que celebra o humor e a criatividade dos mais velhos;
- Apresentação do livro “Rei Ubu”, promovida pela Arte33, uma edição que recupera o espírito do teatro do absurdo de Alfred Jarry.
Estas atividades são gratuitas, mas requerem inscrição prévia, e visam aproximar ainda mais os almadenses das artes performativas, criando pontes entre artistas, escolas, famílias e associações. Programa completo e inscrições disponíveis.
Teatro feito com e para a comunidade
A Mostra de Teatro de Almada é, acima de tudo, uma celebração coletiva. Cada grupo participante — do histórico Cénico da Incrível Almadense à jovem Kilig CRL, passando por companhias como GITT, Arte33, Anthropos AC, Gandaia ou Novo Núcleo de Teatro da FCT-UNL — representa o pulsar criativo de um concelho que vive o teatro em todas as suas formas.
São dezenas de atores, encenadores, técnicos e voluntários que, durante um mês, fazem de Almada o epicentro das artes cénicas na Margem Sul. Uma verdadeira festa do teatro local, que continua a inspirar novos públicos e a provar que a cultura vive quando é partilhada.
