O Festival Sons de Outono regressa a Almada de 4 a 25 de outubro para a sua 16ª edição. Quatro concertos, quatro paisagens sonoras distintas, mas uma mesma viagem: a da música enquanto espaço de memória, resistência e humanidade.
Este ano, o mote é claro: “Sons do abismo, ecos de esperança”. Porque a música nasce tanto das sombras mais pesadas da história como da luz que insiste em resistir. Nos momentos em que a dor parece infinita, surge sempre um acorde capaz de transformar o sofrimento em gesto de beleza.
Ao longo de quatro sábados, sempre às 21h00, diferentes igrejas e espaços emblemáticos de Almada serão palco de concertos que atravessam séculos, geografias e universos criativos.
Sons do abismo, ecos de esperança
A programação deste ano convida o público a mergulhar fundo na essência do humano. São “sons do abismo” que ecoam da violência, da guerra, da perseguição e da exclusão. Mas são também “ecos de esperança”, vindos da amizade, da coragem criativa, da afirmação das mulheres na música e da capacidade de inventar em tempos de silêncio forçado.
De Mozart a Carlos Paredes, de Bach a compositoras esquecidas, de mestres clássicos a músicos que escreveram em plena guerra, o Sons de Outono 2025 propõe quatro concertos que são mais do que música: são testemunhos, metáforas e pontes entre passado e futuro.
O programa completo
4 de outubro | 21h00
Igreja N. Sra. Bom Sucesso – Cacilhas
“Mozart e os seus Amigos”
Um encontro com os Mestres Vienenses. Obras de Dittersdorf, Hoffmeister, Michael Haydn, Hummel, Mozart e Joseph Haydn. Um concerto que evoca a amizade e a resiliência partilhada entre compositores que, nos salões de Viena, transformaram cada acorde em cumplicidade.
11 de outubro | 21h00
Igreja da Misericórdia de Almada
“Entre Bach e Carlos Paredes” – Pontes invisíveis
Do barroco ao fado, o violino de André Gaio Pereira cruza dois universos aparentemente distantes, mas unidos pelo gesto de liberdade criativa. Um diálogo improvável que mostra como a música pode rasgar fronteiras de tempo e lugar.
18 de outubro | 21h00
Igreja Matriz N. Sra. da Piedade – Cova da Piedade
“Eterno Feminino” – O sopro que desperta vozes esquecidas
Luis Auñón Pérez (oboé), Jorge Camacho (clarinete) e Lurdes Carneiro (fagote) interpretam obras de compositoras que desafiaram o silêncio da história. A sua música, tantas vezes negligenciada, soa hoje como um manifesto urgente pela igualdade e pela resistência feminina.
25 de outubro | 21h00
Seminário S. Paulo – Almada
“80 Anos do Fim da Segunda Guerra Mundial” – Música de um outro mundo
Alexis Hatch e Heidi Hatch (violinos), Isabel Pereira (viola d’arco) e Raquel Reis (violoncelo) interpretam peças que são verdadeiros testemunhos de vida, escritas em meio à perseguição e à guerra. Uma homenagem pungente que transforma memória em música.
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Música como património vivo
Um dos detalhes que tornam o Sons de Outono especial é o espaço onde acontece: igrejas históricas do concelho. Locais onde pedra e silêncio se encontram, onde a luz se filtra pelas janelas e a acústica multiplica cada nota. Caminhar até estes lugares, sentir o peso da história e deixar-se envolver pelo som faz parte da experiência. É música, mas também território, identidade e comunidade.
Um festival para todos
Promovido pela Câmara Municipal de Almada, o Sons de Outono é um ciclo de concertos feito para todos: quem já acompanha desde as primeiras edições e quem chegar pela primeira vez. Não é preciso ser entendido em música clássica — basta querer sentir.
Ao longo de 16 edições, o festival consolidou-se como um espaço de proximidade, de partilha e de descoberta. Um festival simples, no melhor sentido: sem ostentação, mas com profundidade. Porque, no fim, cada concerto é uma oportunidade para transformar o abismo em esperança.



