O Centro de Artes de Sines recebe, até 15 de outubro de 2025, a exposição “Balumuka! – Narrativa poética da liberação… ou ainda, Rebelião Poética Kaluanda”, com curadoria de Kiluanji Kia Henda e André Cunha.
“Traçando um período cronológico de 1960 a 2025, esta exposição coletiva apresenta uma produção artística multidisciplinar que se centra no som (e por consequência na imagem e no movimento) – a prática comunal (i) à sua volta capaz de sustentar resistência e as relações sociais que este produz. Os ritmos e movimentos intensos, por vezes turbulentos, que se recusam a serem capturados no enquadramento vil de realidades opressivas e preconceituosas, transportando na sua expressão artística a possibilidade de transformação radical. Desde os anos da guerra anticolonial, passando pelo longo período da guerra civil, até aos anos de paz, mas ainda assim, numa sociedade submersa num profundo caos social, o ímpeto criativo resistiu aos momentos mais desafiantes da história, criando um lugar de resistência e esperança, em tempos de intolerância e extrema violência…”, pode ler-se na descrição da exposição.
Apresentam-se cinco filmes documentários, que cobrem o período de 1978 a 2018, desde as expressões artísticas populares ao olhar da criação contemporânea. O histórico filme “Carnaval da Vitória” (1978) de António Ole, retrata o primeiro carnaval pós-independência em Angola, denominado na altura como carnaval da vitória.
Juntam-se a esta exposição a série de fotografias “Luandar” de Cassiano Bamba, imagens inéditas da movida juvenil kaluanda nas ruas, festas e eventos artísticos no início dos anos 90.
Kiluanji Kia Henda apresenta duas séries, o conjunto de fotografias “Versus Carnaval” (2009), uma antítese da euforia e alegria coletiva do carnaval, realçando o aspecto contestatário da celebração; e a série “O Som é o Monumento” de 2022, uma colagem digital a partir de imagens de arquivo da destruição de um monumento colonial, recriadas em posters de conjuntos musicais fictícios.
A exposição inclui também duas obras comissariadas de Wyssolela Moreira, uma série de colagens digitais que homenageiam a comunidade Rastafari, um movimento que faz parte da movida cultural desde os primeiros anos após a independência, abordando os eventos de música reggae, que se tornaram vibrantes na vida nocturna luandense.
A produção está a cargo da Kizenji – Pesquisa e Intervenção e da KinoYetu. O Município de Sines e a Vasco Collection apoiam este evento onde estão representados os artistas Cassiano Bamba, Pedro Coquenão + Luaty Beirão, Zezé Gamboa, Kiluanje Liberdade + Inês Gonçalves, Kiluanji Kia Henda, Kamy Lara, Wyssolela Moreira, António Ole e Gegé M’bakudi + Resem Verkron.
A exposição poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, no período 14h00-20h00, e aos sábados, no período 12h00-18h00.