Projeto “Histórias que as Paredes Contam” – Um Tributo à Revolução em Setúbal

O projeto “Histórias que as Paredes Contam” é uma iniciativa que pretende celebrar e perpetuar os ideais da Revolução dos Cravos, ocorrida a 25 de abril de 1974. Através de murais pintados nas paredes da cidade de Setúbal, jovens artistas expressam as suas visões sobre a importância desta data histórica e refletem sobre as promessas da revolução que ainda não foram completamente cumpridas.

O Projeto “Histórias que as Paredes Contam”

Desenvolvido desde setembro de 2023, o projeto “Histórias que as Paredes Contam – 50 anos de Muralismo em Setúbal” tem o objetivo de resgatar a memória da Revolução dos Cravos através da arte urbana. O projeto consiste na pintura de murais em diferentes locais de Setúbal, envolvendo artistas locais e estudantes de artes.

O Mural no Bairro do Liceu

O projeto pintado na praceta da Ilha da Madeira, no bairro do Liceu, conta com a coordenação estética de Mo, uma estudante de artes portuguesa de 21 anos, e Young Nuno, um artista plástico guineense de 33 anos, ambos com uma conexão especial com Setúbal. Dividido em duas partes, o mural traz uma mensagem impactante sobre os ideais do 25 de Abril. Cada um dos artistas escolheu uma temática relacionada à Revolução dos Cravos para expressar no seu mural.

Mo destaca a frase “Fazes que fazes ou pões sementes a crescer?”, extraída da canção “Grão da Mesma Mó”, de Sérgio Godinho e David Fonseca. “Não podemos ficar parados a ver a extrema-direita ganhar terreno. Temos de semear os cravos e colher a revolução, declarou Mo, que se afirmou “contra o comodismo” e interpreta a frase de Sérgio Godinho como “um apelo à ação e a fazer cumprir Abril”.

Já Young Nuno optou por homenagear o líder revolucionário africano Amílcar Cabral e o capitão Salgueiro Maia, figuras importantes neste período histórico. O artista vê como positivo o facto de ficar associado a um mural sobre o 25 de Abril , por se tratar de um acontecimento que deu “a democracia a Portugal e a independência à Guiné Bissau”. “Não podemos falar da liberdade sem falar do 25 de Abril”, pelo que “celebrar o 25 de Abril é celebrar a liberdade”, sublinhou o artista.

O Impacto do Projeto na Comunidade

O projeto “Histórias que as Paredes Contam” tem alcançado grande repercussão na comunidade de Setúbal. Além de trazer à tona a importância da Revolução dos Cravos, os murais têm estimulado reflexões sobre os ideais da democracia, liberdade e justiça social. A arte urbana tem o poder de despertar emoções e promover o diálogo entre diferentes gerações, fortalecendo os laços comunitários.

O Futuro do Projeto

O projeto “Histórias que as Paredes Contam” está em constante evolução. Além da pintura dos murais, o projeto promove conversas públicas, exposições e mostra fotográfica sobre o muralismo. Está prevista ainda a pintura de um quinto e último mural, assim como a edição de um álbum de imagens e histórias sobre a prática muralística em Setúbal.

Com chancela do Monte de Letras e incluído no Programa das Comemorações Nacionais dos 50 anos do 25 de Abril, o projeto é coordenado por Helena de Sousa Freitas (e deve o nome à tese de doutoramento que a mesma defendeu no ISCTE-IUL em 2019), tendo a parceria da Câmara Municipal de Setúbal, do Instituto Politécnico de Setúbal, da Associação dos Municípios da Região de Setúbal, das juntas de freguesia do concelho, da União Setubalense e da Associação Cultural Festroia.

O projeto “Histórias que as Paredes Contam” é uma forma de homenagear e manter viva a memória da Revolução dos Cravos em Setúbal. Através da arte urbana, os murais pintados expressam os ideais e as reflexões dos jovens artistas sobre o significado deste momento histórico. Além disso, o projeto estimula o diálogo e fortalece os laços comunitários, promovendo a valorização da cultura e da história local. É um tributo à liberdade, à democracia e aos valores que devemos sempre preservar.

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