O maciço rochoso localizado junto ao convento da Arrábida, em Setúbal, vai avançar para um processo de desmonte controlado, depois de estudos técnicos confirmarem o risco de queda de blocos de grandes dimensões. A decisão resulta da assinatura de um protocolo entre várias entidades locais e nacionais, que visa garantir a segurança de quem visita a serra e, em simultâneo, preservar a integridade do património natural e cultural da Arrábida.
O protocolo, já oficializado, junta a Câmara Municipal de Setúbal, a Infraestruturas de Portugal e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O objetivo imediato é avançar com estudos de caracterização geotécnica detalhados, de modo a planear a melhor forma de proceder ao desmonte da rocha, assegurando que os trabalhos respeitam a sensibilidade ecológica e histórica da serra.
Risco elevado identificado
As avaliações feitas ao maciço confirmaram que existem blocos instáveis, cuja queda poderia colocar em perigo tanto visitantes como infraestruturas próximas, incluindo o próprio convento da Arrábida, um dos ex-libris da região.
Nos últimos anos, o local tem recebido cada vez mais visitantes, sobretudo devido à popularidade das praias da Arrábida e ao interesse crescente no património religioso e natural. A pressão humana, associada à erosão natural e às características do solo, aumentou o risco de deslizamento.
Para a autarquia e as entidades envolvidas, este é um projeto prioritário de segurança pública, mas que deve ser conduzido com o máximo cuidado para não comprometer a biodiversidade e o valor paisagístico da serra.
Uma intervenção complexa
O estudo geotécnico que agora avança vai permitir definir a metodologia mais adequada para o desmonte da rocha. A expectativa é que os trabalhos possam envolver não apenas a remoção controlada de blocos em risco, mas também ações de estabilização que assegurem a durabilidade da intervenção.
A complexidade aumenta por estarmos perante uma área classificada, inserida no Parque Natural da Arrábida, o que implica cuidados redobrados. Todas as operações deverão ser acompanhadas por técnicos especializados, garantindo que o impacto ambiental seja mínimo.
O desafio está em conciliar a necessidade de intervenção com a proteção de um património natural que é símbolo da região e atrai milhares de pessoas todos os anos.
Património a proteger
O convento da Arrábida, fundado no século XVI, é um dos monumentos mais emblemáticos de Setúbal e da região da Península de Setúbal. A sua localização, encostada às escarpas, torna-o particularmente vulnerável a fenómenos geológicos como quedas de blocos rochosos.
A preservação deste património é um dos pontos centrais do protocolo agora estabelecido. O objetivo é garantir que o convento e toda a envolvente se mantêm acessíveis e seguros para as gerações futuras, sem desvirtuar a paisagem natural única da serra.
Colaboração entre entidades
A Câmara Municipal de Setúbal sublinha que a assinatura deste protocolo é um passo fundamental para resolver um problema identificado há anos, mas que só agora reúne as condições para avançar de forma estruturada.
Já a Infraestruturas de Portugal reforça que a sua participação garante apoio técnico especializado, essencial para a avaliação e execução dos trabalhos. Por sua vez, o ICNF destaca a importância de assegurar que todas as medidas de segurança respeitam os valores ambientais que justificaram a criação do Parque Natural da Arrábida.
A conjugação de esforços é vista como essencial para que a intervenção seja eficaz, célere e sustentável.
Próximos passos
Após a conclusão dos estudos técnicos, será elaborado um plano detalhado de intervenção. Esse plano deverá definir os prazos, as técnicas a aplicar e os mecanismos de acompanhamento ambiental.
Só depois dessa etapa é que os trabalhos no terreno poderão arrancar. Embora não exista ainda um calendário fechado, a autarquia e as entidades envolvidas manifestam intenção de avançar o mais rapidamente possível, face ao risco identificado.
Segurança e sustentabilidade em equilíbrio
O desmonte da rocha na Arrábida é um exemplo claro de como o equilíbrio entre segurança pública e preservação ambiental exige decisões cuidadas e partilhadas.
A intervenção pretende dar uma resposta concreta a uma ameaça real, mas sem esquecer que a Arrábida é, acima de tudo, um espaço de valor natural e cultural excecional.
Com este passo, Setúbal reforça o compromisso de proteger os seus habitantes e visitantes, ao mesmo tempo que mantém vivo um dos maiores símbolos da região.